Clima – Mudanças climáticas impactam na produtividade e no valor nutricional dos alimentos
Mudanças climáticas provocam aumento de CO2 na atmosfera
Impactos das variações climáticas são diversos e o segmento de agronegócios não está imune às consequências provocadas pela mudança de temperatura. Pesquisa realizada pela bióloga Marta Vasconcelos, diretora-adjunta do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da Universidade Católica Portuguesa, constatou redução de nutrientes em plantas alimentícias coletadas em várias partes do Brasil e em Portugal. Isso porque uma quantidade cada vez maior de CO2 está sendo lançada na atmosfera, fazendo com que as plantas sintetizem mais carboidratos, como a glicose, em detrimento de nutrientes essenciais para a saúde humana: proteínas, ferro e zinco.
A análise do feijão, por exemplo, revelou que, em seis de 18 variedades cultivadas em terras luso-brasileiras, ocorreu perda em torno de 39% de ferro, índice considerado altíssimo. Resultados semelhantes aconteceram com relação ao teor nutricional de grão-de-bico, tomate, da lentilha e ervilha. Vale destacar que as leguminosas são essenciais para o combate às mudanças climáticas. “Elas são ‘fertilizadoras naturais’ do solo e promotoras de biodiversidade, responsáveis pela diversificação de culturas e cadeias de valor em vários tipos de sistema de produção, incluindo agroflorestal. E eu acho que são uma grande oportunidade para o Brasil, por ser o maior produtor mundial de feijão”, enfatiza Vasconcelos.
Uma das estratégias para combater o problema do impacto climático na qualidade da produção do agronegócio, sugeridas pela bióloga, além da proteção e restauração dos ecossistemas é “diversificar cultivos, apostando em práticas agrícolas regenerativas e no estudo da resistência das plantas a estresses múltiplos, aos efeitos da seca e do aumento de CO2”. Ela também indica que se invista no consumo de alimentos mais sustentáveis e na redução das proteínas animais mal produzidas.
Matéria extraída do Bnews