7 de julho: Dia Mundial do Chocolate: com moderação, doce pode ser aliado do humor e da saúde
Especialistas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz explicam como o consumo moderado pode beneficiar o cérebro, o humor e a alimentação
Poucos alimentos despertam tanta paixão quanto o chocolate. Segundo dados mais recentes da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o brasileiro consome, em média, 3,9 kg da iguaria por ano, o maior índice dos últimos cinco anos.
E não é à toa: além do sabor irresistível, o chocolate, especialmente o do tipo amargo, vem sendo cada vez mais associado a benefícios para o cérebro e para o humor. Em comemoração ao Dia Mundial do Chocolate, celebrado no dia 7 de julho, neurologista e nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz esclarecem o que a ciência já sabe sobre o assunto.
De acordo com a neurologista, do Centro Especializado em Neurologia, Dra. Ana Carolina Gomes, o chocolate de alta concentração de cacau pode, sim, ter efeitos positivos no sistema nervoso. “O cacau é rico em flavonoides, compostos antioxidantes com potencial neuroprotetor. Estudos sugerem que essas substâncias podem melhorar o fluxo sanguíneo cerebral, a memória e até mesmo a cognição em longo prazo”, explica.
Exemplo recente é o estudo publicado em 2024 na revista científica Nature Scientific Reports, que investigou a relação entre o consumo de chocolate amargo e doenças cardiovasculares. Os pesquisadores identificaram uma redução significativa, cerca de 27%, no risco de hipertensão essencial entre indivíduos com maior propensão ao consumo de chocolate com alto teor de cacau. Segundo os autores, esse efeito pode estar relacionado à ação vasodilatadora dos flavonoides presentes no cacau, que contribuem para a melhora do fluxo sanguíneo e da saúde vascular.
O chocolate também contém triptofano, um aminoácido precursor da serotonina, neurotransmissor associado à sensação de prazer e bem-estar. “Essa propriedade ajuda a justificar por que o alimento é tão procurado em momentos de estresse emocional. Mas é preciso ter cuidado: o efeito existe, mas é sutil e não deve ser encarado como uma ‘terapia alimentar'”, pondera a especialista.
Ela também alerta para os exageros: “É comum superestimar os efeitos do chocolate com base em manchetes. Benefícios existem, mas estão condicionados à qualidade do produto e à moderação no consumo”, completa.
É aí que entra a orientação nutricional. Para a nutricionista da Unidade Campo Belo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Fernanda Maluhy, o tipo de chocolate escolhido faz toda a diferença. “A recomendação é optar por chocolates com pelo menos 70% de cacau, pois têm menos gordura adicionada e maior concentração dos compostos benéficos”, afirma. Fernanda destaca que o ideal é consumir de 20 a 25 gramas por dia, o equivalente a dois ou três quadradinhos.
Segundo ela, o chocolate pode ser encaixado na rotina alimentar de forma equilibrada, sem culpa. “A alimentação saudável não precisa excluir os prazeres. Um bom chocolate amargo pode ser incluído como sobremesa, lanche intermediário ou até como ingrediente de receitas mais elaboradas. O importante é evitar os industrializados com recheios, muito açúcar ou gordura hidrogenada”, reforça.
Além dos flavonoides, o cacau também é fonte de magnésio, ferro e polifenóis com efeito anti-inflamatório, o que ajuda a explicar seu impacto positivo não apenas no cérebro, mas também no sistema cardiovascular. “Se consumido com consciência, o chocolate pode ser uma forma saborosa de cuidar da saúde”, conclui Fernanda.
Dra. Ana Carolina Gomes – CRM SP 175.180 – RQE NEUROLOGIA 79.613
Fernanda Maluhy – CRN 24649