Brasileiros enfrentam frustrações ao migrar para Portugal sem planejamento, afirma advogada
Advogada alerta para riscos legais, prejuízos emocionais e dificuldades de regularização para quem entra no país como turista
Entrar em Portugal como turista e tentar a sorte por lá tem sido uma escolha recorrente entre brasileiros, mas esse atalho muitas vezes custa caro. A advogada Dra. Elaine Brito, especialista em direito internacional e imigração, afirma que a falta de planejamento prévio é o principal erro cometido por quem decide viver no país europeu. Segundo ela, mais de 70% dos atendimentos emergenciais em seu escritório estão relacionados à permanência irregular.
A diferença entre entrar como turista e ter residência legal vai muito além do carimbo no passaporte. Turistas, por definição, têm estadia limitada, normalmente de até 90 dias e não têm direito a serviços públicos, como saúde e educação. “Ao permanecer no país após esse período sem regularização, o imigrante passa a estar em situação ilegal, o que pode dificultar acesso a empregos formais, contratos de aluguel e até gerar problemas com autoridades migratórias”, explica a especialista.
A informalidade, além de comprometer o bem-estar prático, afeta também a saúde mental. A advogada relata que muitos clientes enfrentam ansiedade, depressão e sensação de fracasso ao perceberem que o sonho da mudança virou um fardo. Para quem está considerando a mudança, Elaine reforça que o planejamento começa no Brasil.
Ela também chama atenção para a importância de evitar promessas de consultorias informais ou caminhos “mais fáceis” pela via do turismo. Segundo dados do Observatório das Migrações de Portugal, o número de brasileiros residentes no país ultrapassou 400 mil em 2024, representando a maior comunidade estrangeira. Apesar disso, especialistas alertam que o crescimento quantitativo não necessariamente acompanha uma integração de qualidade.